Carta do aluno em defesa dos professores; à sociedade

Sim, a sociedade por inteiro é a que mais tem força em uma luta. Imagine se todos apoiassem os professores? Esta greve já teria com certeza acabado. Mas essa sociedade é a mesma que é vedada pela censura da mídia, e realmente não tem conhecimento do que está acontecendo.
Falar de professor é algo completamente difícil. Não se pode generalizar, já que são seres humanos, e cada um tem a sua maneira de ser. Uns mais calados, outros mais tímidos, outros defensores de causas, outros engraçados... são muitos! Mas a verdade é que não decidi escrever pra falar sobre personalidade de professores e mestres, e sim, da dificuldade de ser um professor.
Outro dia estava eu em uma rede-social emergente, a Google+ - por lá qualquer um expõe suas idéias, aparentemente sem censura - quando me aparece um desabafo de um professor (que iremos chamar de A.R) que se expressou da mesma maneira mencionada aqui, sem censura:

"Vida de professor é fod@! Você acaba tendo que fazer determinados trabalhos em casa, tipo, planejamentos, diários, correção de provas e atividades. Você passa um domingo inteiro fazendo isso e nem percebe o tempo voando. E depois nos chamam de vagabundos por ter dois momentos do ano em casa (férias e recessos).
O esgotamento mental, a síndrome de Burnout, e a depressão adquirida pelo baixo salário e também do não reconhecimento profissional , são fatores que faz com que a pessoa largue a profissão, sem falar no público que temos que enfrentar todo dia em classe. Eu estou nesse caminho...
Desculpem-me pelo desabafo!"
Pensei eu logo de principio, que seria um professor da rede estadual do Ceará. Sim, porque aqui ao que tudo indica, é um dos lugares onde os professores estão sendo mais desvalorizados e desmotivados do Brasil. Mas depois vi que era um professor de São Paulo, por coincidência, minha terra natal. A.R. retratava um pouco de como é ser professor pra ele, porém, creio que se algum professor ler o mencionado, irá sentir e concordar com tudo dito por ele.
Não é de agora - e nem por causa da greve - que eu venho percebido o quão difícil é ser professor hoje no Brasil e também não é de agora que professores lutam pra terem seus direitos. Ainda sobre o A.R., ele se apresenta da seguinte forma:
"Sou formado em Física pela PUC-SP, com especialização em Física Nuclear e em Astrofísica (USP), e atualmente sou professor (para alguns um palhaço, e para outros um vagabundo) da rede pública do Estado de São Paulo e também da rede particular."
É ai que eu me identifico com o pensamento dos professores. São especializações, doutorados, mestrados, para simplesmente ser encarado como um individuo que não faz nada? Sim! Esse é um preconceito pouco conhecido na nossa sociedade. Vejamos: para um professor que estuda no mínimo 4 anos, faz mestrado e doutorado, li dá com no mínimo 300 pessoas no dia, corrige tarefas e elabora aulas é justo ganhar o mesmo que um motorista de ônibus, vendedor ou recepcionista de hotel? (não desmerecendo o trabalho de nenhum profissional de nenhuma área). Não é a toa que hoje é difícil alguém que erga o peito e diga "eu quero ser professor!", ou um professor que encha o pulmão de ar e diga "seja professores".

Ainda naquele desabafo do A.R., surge um comentário também interessante da agora J.F.:
"Sim, não é nada fácil. Estou fora de sala de aula há cinco anos por conta de depressão e síndrome do pânico mas não sinto nenhuma saudade dela. E o que tem de colegas sofrendo com a depressão não está no gibi. Sem apoio dos pais, os professores são de tudo um pouco e nada valorizados, principalmente pelos alunos que acham que a internet pode ensinar melhor que qualquer um... Não sei onde a educação brasileira vai parar. Tanta gente escrevendo errado, falando errado, sem um mínimo de educação... A escola é apenas o retrato do que vem por aí em nossa sociedade."
Então não não podemos esquecer também os problemas psicológicos, certo? O fato é que a verdade foi dita "nua e crua" por estes profissionais da área, A.R e J.F. Eu, que tinha o sonho de ser professor de literatura, hoje desisto aos poucos de realiza-lo.
O apelo que fica é que se você, cidadão comum, apoiasse e levantasse a bandeira da educação também, você estaria ajudando a construir o novo país que as nossas autoridades tanto dizem que emerge, mas na verdade, não sai das propagandas de TV. Não tenha medo de ajudar quem tanto te ajudou um dia!